A FUNDMED apresentou na última quinta-feira (28/10) às 19h, no Youtube, a terceira live gratuita que compõem o Projeto Social Tabu das Cores. Neste Outubro Rosa, mês dedicado à conscientização e prevenção do câncer de mama, optou-se por abordar um tema essencial para o cuidado da saúde da mulher que envolve o conhecimento do próprio corpo.
A live com a temática: “A importância do assoalho pélvico na vida das mulheres, tabus e verdades”, contou com a participação da Professora e Doutora Luciana Laureano Paiva, Fisioterapeuta e Pós-Doutora em Ginecologia e Obstetrícia pela UFRGS.
Assista a palestra na íntegra neste link.
Durante a apresentação, a Professora Luciana apresentou o universo do assoalho pélvico, explicando o que é essa estrutura, onde está localizada e quais são as funções dessa parte do corpo feminino. A palestrante ressaltou que o assoalho pélvico é uma estrutura extremamente complexa que auxilia na contenção dos órgãos pélvicos, tais como, bexiga, útero, intestino e reto. Além disso, frisou que essa musculatura contribui tanto para a postura quanto para o movimento corporal.
Segundo uma pesquisa realizada em 2017, estima-se que cerca de 20% das mulheres adultas necessitarão de alguma consulta devido a queixas relacionadas às disfunções do assoalho pélvico. Por esse motivo, é importante conhecer essa região de tamanha importância para a saúde feminina.
Dessa forma, visando estimular o autocuidado, bem como o compartilhamento de informações sobre o corpo feminino e, acima de tudo, sobre a saúde coletiva, separamos algumas perguntas e respostas abordadas durante o evento. Afinal, conforme declarou a Professora Luciana: “É importante pensarmos nessa rede colaborativa, ninguém está sozinho, todo mundo pode se ajudar e se cuidar. Um cuida do outro e cada um cuida de si”.
Quais as principais disfunções do assoalho pélvico feminino?
Para a Professora Luciana, após entender que o assoalho pélvico tem um papel extremamente importante na vida, é preciso compreender o que acontece quando ele não está bem, o que se denomina de disfunção. Disfunções no assoalho pélvico provocam sintomas, ou seja, alterações perceptíveis no corpo. Entre os sintomas, podem ocorrer: escapes urinários, em situações, por exemplo, de esforço, urgência, durante uma atividade física; pode ocorrer incontinência anal (dificuldade de controle na evacuação); retenção urinária (dificuldade de iniciar o jato urinário, infecção urinária de repetição); prolapso de órgão pélvico (bexiga caída, útero caído); dor pélvica; dor ou desconforto durante a relação sexual. Por isso, é preciso estar atenta aos sinais que o corpo está emitindo, pois todas essas disfunções afetam diretamente a qualidade de vida feminina.
Quais fatores contribuem para o aparecimento das disfunções do assoalho pélvico em mulheres?
Entre os fatores que contribuem com o aparecimento das disfunções, a palestrante destacou: múltiplas gestações e parto com bebês muito grandes ou partos muito prolongados; obesidade; cirurgia pélvica prévia; atividade física intensa e com sobrecarga; aumento da pressão intra-abdominal (ex: tosse crônica); diabetes; fatores hormonais (ex: menopausa); doenças neurológicas; envelhecimento; radioterapia pélvica.
O que é uma incontinência urinária?
A disfunção mais prevalente em mulheres é a incontinência urinária. A incontinência urinária é qualquer perda involuntária de urina. Em outras palavras, perde-se a capacidade de controle. A Professora enfatizou que não é normal perder urina em nenhuma fase da vida, nem no envelhecimento. Há tratamento e, acima de tudo, existe prevenção. Por isso, a palestrante enfatizou a necessidade de procurar orientação sempre que alguma coisa não está legal. Devemos cuidar o mais cedo possível do assoalho pélvico.
De que forma podemos assumir o controle dos músculos do assoalho pélvico?
Primeiramente, a Professora Luciana ressaltou que é preciso conhecer o músculo do assoalho pélvico, isto é, conhecer o seu corpo. É preciso sentir esse músculo contraindo e relaxando. É preciso perceber esse movimento. Além disso, mencionou que músculos fortes não são sinônimo de funcionalidade. É necessário saber contrair, mas também é necessário saber relaxar essa musculatura. Por isso, além da força, deve-se trabalhar a coordenação, resistência, ativação reflexa, sinergismo. Com o controle dessa musculatura, melhora-se a circulação local, a lubrificação, a sensibilidade e, consequentemente, melhora-se a vida sexual.
Estresse e ansiedade podem afetar o assoalho pélvico?
Estresse e ansiedade podem afetar o assoalho pélvico. Segundo a Professora Luciana, estudos mostram que em 2020, aumentaram as queixas de dor pélvica, sintomas de incontinência urinária e constipação relacionadas às emoções vivenciadas desde o início da pandemia do Covid-19. Dessa forma, a ansiedade e o estresse podem gerar tensão e dificuldade de relaxar essa musculatura, criando o que se denomina de “músculos do assoalho pélvico hiperativos”. A depressão e o isolamento social também podem interferir. É preciso manter-se alerta.
A partir de quantos anos, devemos ter mais cuidado com a musculatura do assoalho pélvico?
Para a palestrante, não existe uma idade certa. “É um aprendizado. Esse assunto já deveria ser falado na escola, deveria fazer parte da educação da saúde. As pessoas já deveriam saber que é uma parte do seu próprio corpo”. Por isso, devemos lembrar que esse músculo existe e está sendo acionado. “Quanto mais cedo eu perceber essa musculatura e trabalhá-la, melhor vai ser. É um trabalho contínuo. Sempre é tempo de se cuidar”, sublinhou.
Em um universo mais tecnológico, cheio de dicas e exercícios para a musculatura, quais seriam os cuidados que devemos ter ao analisar esse tipo de instrução?
Na visão da palestrante, hoje as redes sociais proliferam diversas informações. “Talvez o grande cuidado que tenhamos que ter é que o exercício que é bom para mim, talvez não seja bom para o colega. Às vezes, não é preciso fortalecer a musculatura, mas sim, relaxar. Temos que ter cuidado”. Então, a Professora Luciana alertou: “é preciso ouvir as informações, mas fazer um filtro do que realmente é bom para mim”.
Quais seriam os profissionais indicados para aprender a fazer os exercícios corretamente?
Na visão da Professora Luciana, ganhamos muito quando temos uma equipe multidisciplinar. O médico urologista/ginecologista é extremamente importante, porque ele faz uma análise clínica da parte da mucosa. O fisioterapeuta vai avaliar a funcionalidade dessa musculatura, a capacidade de contrair. Já o educador físico vai buscar um treinamento global. O principal é ter uma orientação inicial.
Como as mulheres podem participar do grupo pélvico do HCPA?
A Professora Luciana explicou que até a pandemia, o atendimento era presencial em grupos. Porém, nesse momento, enquanto a atividade presencial não é retomada, está sendo realizado por meio de teleatendimento. Para chegar no Clínicas, é necessário, inicialmente, passar por uma unidade de saúde. Além disso, a palestrante destacou outro trabalho gratuito que é o estágio do curso de fisioterapia da UFRGS, a clínica de fisioterapia no Jardim Botânico. Espaço que acolhe pacientes e também realiza atendimentos. Quem tiver interesse pode enviar um whatsapp para a clínica e ficar na lista de espera do projeto de saúde da mulher: (51) 3308-5795.
Em caso de disfunções do assoalho pélvico, o que fazer?
Procure orientação com profissionais que atuam na área da Fisioterapia Pélvica para prevenir ou tratar as disfunções do assoalho pélvico. “Se conheçam, se amem, cuidem do seu assoalho pélvico. Essa é a melhor forma de mantê-lo saudável e manter uma qualidade de vida que todas as mulheres merecem”, salientou a Professora.
Quais seriam os melhores conselhos que uma especialista na musculatura do assoalho pélvico diria para as mulheres?
Para a palestrante, é preciso pensar nessa multiplicidade de mulheres. Mulheres com necessidades diferentes. Independentemente da idade é preciso trabalhar a musculatura do assoalho pélvico e adaptar para o momento vivenciado. “A dica é: não esquecer do assoalho pélvico. É importante trabalhar em todas as etapas da vida da mulher, porque é uma região extremamente frágil. É preciso cuidar da gente, se priorizar. Precisamos despertar esse desejo e essa intenção de cuidado”, finalizou.
O que é o Projeto Tabu das Cores?
O Tabu das Cores é um projeto social da FUNDMED, que aborda temas relacionados a campanhas mensais de conscientização sobre questões de saúde, indispensáveis para a sociedade. Nos próximos meses, acontecerão palestras relativas ao Novembro Azul, sobre a saúde do homem, e ao Dezembro Vermelho, mês de conscientização e combate a AIDS.
Assista as lives anteriores: playlist completa está disponível aqui.
Para mais informações:
E-mails: luciana.paiva@ufrgs.br e lucianalaureanopaiva@gmail.com
Instagram: @fisiopelvicahcpa.ufrgs
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