Um estudo sobre Acidente Vascular Cerebral (AVC), coordenado pela professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e do Serviço de Medicina Interna e de Neurologia do HCPA, Sheila Martins, quebra barreiras ao mostrar que é possível incorporar a trombectomia mecânica na rede pública de saúde.
Chamado de Resilient e publicado no The New England Journal of Medicine, este é o primeiro estudo realizado em um país em desenvolvimento como o Brasil. A pesquisa foi realizada em 12 hospitais públicos do Brasil, incluindo o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), comprovando a segurança e eficácia do tratamento no SUS (Sistema Único de Saúde).
Em resumo, o estudo atesta a viabilidade da aplicação da trombectomia mecânica (cateterismo cerebral) em pacientes do SUS. A trombectomia mecânica funciona como uma espécie de cateterismo: um catéter é introduzido no vaso cerebral obstruído para remover o coágulo e, assim, restabelecer o fluxo sanguíneo.
Oito ensaios clínicos randomizados demonstraram consistentemente o benefício do procedimento para o tratamento de AVC por oclusão de vasos grandes. Comparando com os tratamentos medicamentosos disponíveis no SUS, a trombectomia mecânica aumenta de 21% para 35% a independência funcional do paciente que sofreu um AVC, reduzindo em 16% a mortalidade ou o risco de dependências graves.